O Ego e o pânico de errar.
- Bruna Barbosa
- 7 de nov. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de nov. de 2022
Fiquei matutando vários dias pensando qual seria a melhor forma de iniciar esse projeto de ter uma seção de artigos por aqui. Muitas dúvidas se deveria ser sincera com o momento em que estou vivendo onde grande parte do foco do meu dia é política. Aí pensei que não deveria trazer essa pauta pra cá, porque “não tem a ver com autoconhecimento ou terapias” e poderia ser muito polêmico.
Mas aí que caiu uma ficha minha... aliás, algumas fichas:
- Esse espaço é meu pra ser sincera com quem me acompanha e comigo mesma. O preço mais alto que se paga é o de não ser quem se é.
- A tal polarização, a despolitização e a política tem tudo a ver com o ego e com o pânico que nós humanos temos em errar (e assumir o erro). E isso tem a ver com autoconhecimento. E o autoconhecimento começa quando nos deparamos com nosso ego... e o tamanho dele.
Então é isso, sentei e escrevi esse primeiro devaneio sincero!
Como pode né, o ser humano tem um ego tão grande e inflado que acredita que sabe de tudo e que não pode dar o braço a torcer e dizer que mudou de ideia ou que errou. Se arrepender? Jamais... A gente precisa mesmo é sustentar a nossa opinião fixa e imutável até o fim, mesmo que pra isso a gente pareça um grande bonecão inflável de posto de gasolina, vazio de coisas, mas cheio de vento.
Por que será que é tão difícil dizer “caramba, é isso mesmo, eu viajei... nada a ver aquilo que te disse, mudei de ideia. Desculpa”. E é nesse peso do acertar 100% do tempo que a gente se arrasta pela vida, vivendo esse grande personagem dono da razão, afastando pessoas e se amargando com o tempo. Ou se alienando... por que a cada novo dia você precisa ir inflando esse pensamento de que se está certo e pra isso precisa buscar mais e mais argumentos (mesmo que vazios) pra sustentar seu ponto de vista e mostrar que faz sentido.
É uma mania de brincar de deus né?! Quem será que disse pra gente que não podemos errar? Será que foram nossos pais? Ou foi a escola que era hostil com erros? Será que foi excesso de comparação na família? Ou será que piorou no primeiro emprego quando você tinha que ser um robô e acertar tudo de primeira pra mostrar que merecia aquela vaga?
Não sei, só sei que eu sempre fui muito dona da verdade e de uns anos pra cá comecei a perceber que pedir desculpas e assumir erros e falhas não me fazia menos gente e nem caia a minha língua. Muito pelo contrário, era muito bom pedir desculpas e aliviar esse peso da arrogância da certeza. Ainda fico pistola (muitas vezes) e quero estar sempre certa (quem nunca?), mas sempre que peço desculpas e mudo de ideia me sinto mais feliz e relaxada. Parece que entendo meu lugar no mundo e percebo que não sou o deus todo poderoso, criador do céu e da terra que nunca errou.
E o que tudo isso tem a ver com política mesmo? Tem a ver com a ideia de que somos seres políticos, pois vivemos em sociedade e a todo momento precisamos fazer escolhas que impactam o todo. Também tem a ver que a gente pode sim mudar de ideia, você não será menos gente se perceber que estava sustentando um pensamento que ofendia alguém ou que ultrapassava os limites da democracia, respeito e boa convivência. Aliás, mudar de ideia pode ser um bom exercício pra iniciar esse trabalho de reconhecimento do seu ego e isso te fará mais gente!
Batendo palmas com a testa no teclado